Quando comecei a trabalhar com projetos hidráulicos voltados para piscinas, logo percebi que o dreno de fundo é um dos pontos mais sensíveis para a segurança dos usuários. Não se trata apenas de um detalhe técnico: trata-se, literalmente, de garantir vidas. Acredite, já presenciei projetos inteiros serem reprovados pela ausência de critérios claros nesse item. É necessário falar com responsabilidade e atenção a respeito desse tema, envolvendo a norma ABNT NBR 10339 e as melhores práticas de projeto e execução.
Por que a atenção ao dreno de fundo é tão séria?
Acidentes fatais envolvendo ralos e dispositivos de sucção no fundo de piscinas ainda acontecem no Brasil. Em vários casos documentados, as vítimas – muitas crianças – são presas pela força da sucção que, quando não está corretamente projetada, pode causar desde lesões graves até afogamento.
Um dreno mal projetado pode custar uma vida.
Por isso, profissionais como eu, especializados e atuantes em hidráulica de piscinas, sabem que cada escolha – da distância mínima entre os drenos até o modelo da grelha – impacta diretamente na segurança.
A norma ABNT NBR 10339 e o que não pode faltar
Quando falo em projetos hidrossanitários eficientes, insisto que a NBR 10339 seja lida e aplicada na íntegra. Ela orienta sobre quantidade, posicionamento e especificação dos nichos dos drenos de fundo em piscinas.
De acordo com o texto da NBR 10339, são obrigatórios no mínimo dois drenos interligados, instalados a uma distância mínima de 1,5 m entre eixos, com velocidade de passagem da água inferior a 0,5 m/s.
- Sistemas com apenas um único ralo são proibidos, pois concentram a força de sucção e aumentam o risco de aprisionamento.
- A grelha deve ser antiaprisionante, dificultando o bloqueio total da sucção por parte do corpo ou cabelos dos banhistas.
A aplicação da norma não é opcional: ela é uma exigência técnica para garantir proteção real ao usuário.
Dimensionando corretamente: sucção múltipla e layout dos drenos
Eu gosto sempre de começar o projeto avaliando o volume do tanque e a vazão desejada para o sistema de recirculação. A partir disso, defino o tamanho dos drenos de fundo e a quantidade necessária, respeitando a distância mínima recomendada pela norma.
- A velocidade da água nos drenos deve ser, obrigatoriamente, menor que 0,5 m/s.
- Os drenos precisam ser ligados entre si por uma tubulação de interligação, formando aquilo que a NBR chama de sucção múltipla.
- A grelha deve ser instalada acima do nicho, e conforme orienta a NBR, não pode ser facilmente removível, promovendo ainda mais segurança.
Em meus projetos, sempre opto por nichos normativos, que possuem formato e dimensões padronizadas, dificultando qualquer improviso em obra que possa descaracterizar o sistema original.

A execução dos nichos: detalhe nunca é exagero
A minha experiência mostra que o maior risco de erro está na execução. O nicho deve ser montado previamente, com as conexões bem coladas e vedadas. Verifico sempre que não haja pontos de ar ou desnível, fatores que podem comprometer a circulação e até gerar ruídos.
Se o encanamento entre os drenos for mal conectado, a redundância de segurança será anulada.
A orientação que dou aos instaladores é: jamais altere as posições definidas em projeto. E sempre, ao final, faça o teste da estanqueidade antes da concretagem.

Grelhas antiaprisionamento: não é detalhe, é obrigação técnica
Um dos pontos que mais repito em consultorias é: a grelha correta para dreno de fundo deve ser antiaprisionante. Ela possui aletas e formatos que dificultam o bloqueio por partes do corpo, cabelos ou objetos. Isso está previsto na segurança técnica, pois mesmo com sucção múltipla, acidentes ainda podem ocorrer se a grelha não for própria.

Dimensionamento das tubulações: menos velocidade, mais segurança
O dimensionamento dos tubos entre o tanque e a casa de máquinas também merece cuidado. A seção deve ser compatível com a vazão do sistema, evitando velocidade excessiva da água. Isso diminui o risco de fenômenos como cavitação, ruídos e elevação perigosa da sucção.
- Adoto sempre como referência a velocidade máxima de 1,8 m/s, ajustando os diâmetros das tubulações e considerando as perdas por comprimento e acessórios.
Para quem deseja informações mais técnicas sobre engenharia de piscinas, já compartilhei exemplos de dimensionamento e detalhes construtivos práticos em outros conteúdos.
Aprendendo com acidentes: por que não arrisco atalhos?
Já analisei, ao longo de minha trajetória, ocorrências lamentáveis causadas por despreparo técnico. Casos de crianças e adultos aprisionados pela sucção do ralo me lembram que normas foram criadas em resposta a tragédias reais. Trabalho, inclusive, com treinamentos para reforçar que apenas a aplicação rigorosa das exigências evita incidentes. Profissionais precisam assumir a responsabilidade de buscar especialização, estudar, aplicar e fiscalizar as boas práticas.
Especialização salva vidas em ambientes aquáticos.
Esse é o propósito do curso Hidráulica de Piscinas Projetista: formar engenheiros, arquitetos e instaladores preparados para abordar todos os desafios do universo das piscinas.
Passos essenciais para projetar drenos de fundo
Compartilho um resumo das etapas fundamentais que sigo em cada projeto para garantir que o sistema vai operar com máxima segurança e funcionalidade:
- Calcular o volume total e a recirculação do tanque.
- Determinar vazão máxima por dreno, garantindo velocidade menor que 0,5 m/s.
- Definir o número de drenos (mínimo dois), respeitando o distanciamento mínimo de 1,5 m.
- Projetar tubulação de interligação entre os drenos.
- Selecionar grelhas antiaprisionamento certificadas.
- Detalhar os nichos conforme os padrões normativos.
- Testar todo o sistema antes do enchimento definitivo da piscina.
Cada etapa é indispensável para que o conforto, a manutenção e, principalmente, a integridade física dos usuários estejam garantidos.
Para quem deseja aprofundar neste e outros temas avançados, já recomendei textos complementares como detalhamento de circuitos hidráulicos, e análises de casos reais de engenharia de piscinas.
Conclusão
Projetar e executar drenos de fundo exige precisão técnica, e, acima de tudo, um compromisso ético com a vida dos frequentadores de piscinas. Quando seguimos normas, estudamos causas de acidentes e priorizamos materiais próprios, transformamos projetos em ambientes mais seguros para todos.
Convido engenheiros, arquitetos, instaladores e estudantes a conhecer melhor o Hidráulica de Piscinas Projetista. Acesse nossos conteúdos, participe de treinamentos e torne-se referência em segurança e engenharia aplicada em piscinas!
Perguntas frequentes
O que é um dreno de fundo de piscina?
Dreno de fundo é um dispositivo instalado no ponto mais profundo de piscinas, responsável por captar água para o sistema de filtragem e recirculação. Normalmente possui grelha para impedir a passagem de objetos maiores e funciona continuamente durante a filtração.
Como instalar dreno de fundo corretamente?
A instalação deve sempre seguir o projeto e a NBR 10339. Isso inclui usar no mínimo dois drenos interligados por tubulação, afastados pelo menos 1,5 m entre os centros, preferir grelhas antiaprisionamento, vedar os nichos e testar a estanqueidade antes do acabamento.
Para que serve o dreno de fundo na piscina?
O dreno de fundo serve para captar a água do fundo do tanque e encaminhá-la ao sistema de filtragem e tratamento, permitindo melhor circulação, retirada de detritos pesados e facilitando a drenagem para limpeza ou manutenção.
Quantos drenos de fundo são necessários?
De acordo com a norma ABNT NBR 10339 e projetos de lei em discussão, são necessários ao menos dois drenos de fundo interligados, afastados por ao menos 1,5 metro um do outro. Essa configuração distribui a força de sucção, reduzindo riscos de acidentes.